Atenção colegas Odontopediatras!!! Vamos conversar sério sobre isso? Tem aumentado o relato de colegas que estão recomendando e empregando toxina botulínica (TB) para casos de bruxismo do sono (BS) infantil….
Opa!! Essa prática precisa de uma séria e responsável reflexão científica!

Criança com alterações neuromotoras, principalmente as com paralisia cerebral, são beneficiadas com o uso da TB que faz parte de um programa reabilitador interdisciplinar. OK! A TB nesses casos diminui a espasticidade e esse uso parece ser seguro e efetivo, segundo recente revisão sistemática sobre  tema: clique aqui.  Mas prestem atenção!!  A musculatura em questão é principalmente apendicular e não se avaliou bruxismo nesse contexto.

Mas quanto ao uso para casos de BS? Primeiro existe uma questão a ser discutida… Porque mesmo diminuir a atividade muscular? O bruxismo do sono em várias situações tem função de protetor do organismo. Que tal estudar mais um pouquinho sobre as interações motoras do bruxismo e as autonômicas do sistema nervoso central?
Sugiro que comece por aqui… clique aqui, aqui e aqui também! O movimento mandibular do BS nem sempre é o vilão que a maioria pensa que ele é…

 

Mas temos vários motivos para não indicar TB para o BS, incluindo a falta de eficácia uma vez que não dispensa o uso da placa, risco de efeitos indesejáveis com o uso a longo prazo e, principalmente, porque  falta evidências que garanta o uso nos músculos de crianças normorreativas.

Vou citar apenas um efeito bem documentado na literatura, incluindo revisão sistemática: a TB provoca atrofia muscular mas que é dose-dependente. Nos casos de hipertrofia de masseter, p ex., esse efeito é justamente o que se busca na aplicação da TB. 😀
Mas pergunto… Se o bruxismo (principalmente do sono) tem duração indeterminada, os profissionais ficam aplicando nas crianças durante quanto tempo? Existe estudo longitudinal com protocolo de dose e tempo de tratamento seguros para músculos em fase de crescimento? Me passem a referência, por favor…

• Resumindo…
  Não existe respaldo científico que assegure o uso de TB para bruxismo e ainda mais em crianças.
• Para ficar claro…
  Não sou contra o uso da TB em outras condições. É uma ferramenta terapêutica muito importante e o CD deve tê-la no seu arsenal terapêutico, mas seu uso deve ser cauteloso e preciso.

Caso desejem refletir mais sobre o assunto, sugiro que leiam o editorial sobre o tema no site da Associação Brasileira de Odontopediatria.
Também fica a dica de leitura do documento emitido sobre o tema pela Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF). Esse documento foi discutido em assembleia em outubro passado, em Brasília. Para acessar clique aqui

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Falando em bruxismo, rapidamente gostaria de dividir com vcs duas grandes emoções acadêmicas que tive nos últimos dias… 😀 😀

1. Palestrar junto com o Prof Gilles Lavigne no Ciomig (em BH ❤ ) em um Simpósio de Odontologia do Sono, organizado pelos Profs  Madalena e Márcio Rabelo da PUC-MG. Além do Prof Lavigne, a querida Profa Lourdinha Rabelo deu show na sua palestra nesse evento.

   

2. Assistir o Prof  Frank Lobbezoo no meeting da IADR em San Francisco, Califórnia. Nesse evento apresentei uma pesquisa sobre bruxismo infantil e distúrbios do sono conduzida pela minha orientada de Doutorado, Nélia Sampaio.

   

Muitos motivos para felicidade, não?? Se não fossem os relatos que tem chegado sobre crianças sendo submetidas a aplicação de TB, minha alegria seria maior.

Gd abç p todos e vamos seguir estudando para oferecer realmente o que há de melhor para o paciente!!