Vamos combinar que não é fácil condicionar uma criança difícil? O controle de voz é uma técnica de manejo comportamental descrito por vários autores em todo mundo. Consiste em elevar o tom de voz para que a criança entenda que o profissional é o condutor da situação e não ela. Muito usada e, quando bem empregada, dá resultados excelentes!
Maaaaasss… Sempre tem um “mas” na vida. Torna-se EXTREMAMENTE necessário que o adulto responsável esteja a par e concorde com essa estratégia de condicionamento. Sobre falar alto com a criança para conseguir a cooperação, seguem algumas considerações:
- Controle de voz é o “plano B ” do condicionamento – quando esgotadas as tentativas de conseguir cooperação pelos métodos lúdicos e “cordiais”…
Uma pesquisa feita na Espanha mostrou que a técnica mais aceita pelos pais é a do falar-mostrar- fazer. Isso é o que a gente mais quer também, claro! Mais tranquilinho p todo mundo, né? 🙂
Olha aí o trabalho dos espanhóis: Luis de León J, Guinot Jimeno F, Bellet Dalmau LJ. Acceptance by Spanish parents of behaviour-management techniques used in paediatric dentistry. Eur Arch. Paediatr Dent. 2010 ;11(4):175-8.
Já o controle de voz só foi aceito por 7.8% dos pais em uma outra pesquisa… Controle de voz e contenção foram bem mais rejeitados nessa pesquisa do que sedação. 😦 – Peretz B, Kharouba J, Blumer S. Pattern of parental acceptance of management techniques used in pediatric dentistry. J Clin Pediatr Dent. 2013;38(1):27-30. - NUNCA, eu disse NUNCA , use o controle de voz sem antes ter conversado com o responsável pela criança. Explique (longe da criança, claro – pode ser por telefone entre as consultas) que se vc alterar o tom de voz, não foi porque vc não perdeu a paciência e muito menos porque vc ficou com raiva da criança. Explique que tudo é uma encenação para manter a autoridade durante a consulta e que isso é fundamental para que nosso trabalho seja bem executado.
- OBS- Prestou atenção no que eu escrevi no item 2? Leia de novo. E de novo…
- Depois da explicação, pergunte se o responsável concorda. Peça permissão para fazer controle de voz. Isso é o básico do básico! Se houver concordância, beleza! Vamos em frente! 🙂 Mas vc pode receber uma resposta do tipo “Não, não quero ninguém falando alto com meu filho”… Nesse caso, acho importante vc pensar o que vai fazer: se ficar tentando indefinidamente conseguir cooperação espontânea da criança, ou encaminhar o paciente. Mas se eu te contar que, até agora, nunca nenhum responsável se negou a aceitar o controle de voz… Todos entendem que é uma técnica de condicionamento e que é preciso controlar a criança na cadeira.
- CUIDADO!!! Já perdi a conta de mães que atendi com a seguinte história: “a dentista que atendia meu filho e “do nada“, começou a gritar com ele. Isso não pode acontecer, pessoal!!! O combinado não é caro nem barato: é combinado! Não esqueça nunca de conversar muito com os responsáveis ANTES de falar mais alto com a criança. Se deixar p explicar depois, não sei se vai adiantar muito… 😦
6. E as percepções dos pais são tão variadas. De uma família p outra e podem variar até de acordo com sua cultura, etnia, local de residência, etc. Então não temos receita de bolo… E precisamos respeitar e entender a posição de todas elas.
Para entender melhor esse ponto: Theriot AL, et al.. Ethnic and language influence on parents’ perception of paediatric behaviour management techniques. Int J Paediatr Dent. 2019 Jan 8.
Só mais duas coisinhas…
- O ideal é fazer tudo por escrito e pedir para o responsável assinar. Mal entendidos são desgastantes demais para todos os envolvidos e compromete muito sua imagem profissional!
- Obviamente todos os pais preferem uma abordagem positiva! Eu, como mãe e me colocando no lugar deles, tb penso da mesma forma. Mas como profissional, devo dizer que nem sempre é a abordagem do falar-mostrar-fazer que nos leva a conseguir a cooperação da criança. O controle de voz, quando explicado e consentido, permite sim trabalhar com segurança e com mais qualidade. Quem ganha? A criança! 🙂
Hora de ir terminando a postagem e dizer que estamos iniciando turma nova da #ortonaped aqui em SP!! Clique aqui para saber mais E olha só.. Estaremos tb em BH com a #ortonaped com a querida Profa Juliana Reis! Clique aqui para saber sobre BH
No mais, tenho tb na agenda, as atividades da PPG-O da Unicsul, Dia do Bruxismo (em várias cidades), congressos, cursos e… Olha a novidade! Começamos na Unicsul a Liga Acadêmica de Odontologia para Pacientes Especiais – LAOPE. Projeto envolvendo alunos de graduação e de Pós. Muito bacana isso! Sigam o pessoal no Insta -> @laope_unicsul
Participantes da LAOPE dos dois campi da Unicsul: Liberdade e São Miguel Paulista ❤
Só p fechar, gostaria de agradecer a oportunidade de ter estado no Simpósio de Dor e Sono na São Leopoldo Mandic. Foi demais!!! O evento foi ótimo e aprendi muito com as palestras que assisti!! Obg pelo convite, Prof Antônio Sérgio Guimarães!! Parabéns para todos os envolvidos!
Por hoje é isso… Até a próxima, pessoal! 😉

Que bom que à odontopediatria evolui , qdo fiz minha especialização ainda ouvia algumas técnicas como mão na boca e achava um absurdo ! Nunca utilizei e me revoltava ver alguns profissionais utilizando . Mesmo assim não desisti de nenhuma criança e aí vejo como a odontopediatria evolui . Temos a sedação com óxido nitroso para casos refratários de medo ou comportamento. Que bom !
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Sim, Márcia! temos técnicas farmacológicas para o gerenciamento comportamental. Mas em muitos consultórios e serviços, essas opções não são disponíveis, e o odontopediatra precisa usar estratégias psicológicas mesmo…
Obg pela sua observação!! Gd abc
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Olá Adriana, tudo bem? Acompanho seu trabalho desde o mestrado na Paulista. Estou com um caso muito interessante de uma criança de 10 anos com sintomas de DTM, nódulos no corpo do masseter esquerdo e direito, dor de cabeça e muita limitação de abertura, 20 mm sem dor. Pedi tomografia e fiquei muito surpresa com tamanho do desgaste na cabeça do côndilo esquerdo, muita alteração tanto da forma dele quanto da eminência articular.Estou desconfiada de que seja artrite idiopática juvenil. Vou encaminhar para reumato. Porém, gostaria de saber sua opinião sobre o uso da plaquinha para esta paciente. Posso? E durante quanto tempo? Se tiver alguma sugestão sobre o diagnóstico, me fale. Sua opinião é muito importante para mim! Aguardo seu retorno em breve! Obrigada!
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Oi Miriam, a indicação da placa vai depender do tipo de DTM. Qual o tipo? Fica um pouco difícil discutir os casos pela internet mas caso queira indicar a criança para o nosso centro de atendimento (CEBDOF_ Ped), fique a vontade. É gratuito e a consulta pode ser marcada pelo WTS: 11- 991813069
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